segunda-feira, 7 de abril de 2008

Sittin' on the beach

Anouk and Live - Dance with You


É a segunda vez que posto esse vídeo.
A música na versão original não tem o acompanhamento da Anouk (Uma pena), e essa versão tem um áudio muito ruim... O solo de guitarra dessa música é um dos mais bonitos e sincronizados com o tema romantico-existencial-psicodélico-viajado que já ouvi (vale a pena ouvir o original).

O live é considerado uma banda alternativa, apesar de no passado ter vendido alguns milhões de discos. No minimo alguma música virou tema de novela mexicana. Depois a banda ficou no esquecimento e só é apreciada por poucos. Os temas sempre são espirituais, karmicos, evangélicos, seja lé o nome que você quer dá... É só para flutuar.

Sittin' on the beach
the island king of love
deep in fijian seas
deep in some blissful dream
where the goddess finally sleeps
in the lap of her lover
subdued in all her rage
and I am aglow with the taste
of the demons driven out
and happily replaced
with the presence of real love
the only one who saves

I wanna dance with you
I see a world where people live and die with grace
the karmic ocean dried up and leave no trace
I wanna dance with you
I see a sky full of the stars that change our minds
and lead us back to a world we would not face

the stillness in your eyes
convinces me that I
I don't know a thing
and I been around the world and I've
tasted all the wines
a half a billion times
came sickened to your shores
you show me what this life is for

I wanna dance with you
I see a world where people live and die with grace
the karmic ocean dried up and leave no trace
I wanna dance with you
I see a sky full of the stars that change our minds
and lead us back to a world we would not face

in this altered state
full of so much pain and rage
you know we got to find a way to let it go

sittin' on the beach
the island king of love
deep in fijian seas
deep in the heart of it all
where the goddess finally sleeps
after eons of war and lifetimes
she smilin' and free, nothin' left
but a cracking voice and a song, oh lord

I wanna dance with you
i see a world where people live and die with grace
the karmic ocean dried up and leave no trace
I wanna dance with you
i see a sky full of the stars that change our minds
and lead us back to a world we would not face
we would not face
we would not face
we would not face
we would not face
we would not face

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Pílula azul ou vermelha?

Comoção nacional, mais uma.
Menina morre ao ser atirada de prédio de classe média em São Paulo.
Os acusados são o pai e a madrasta.
Quem assiste TV no Brasil?
Pobres e aqueles que não tem internet ou TV a cabo.
Levando em consideração que 90% dos que assinam TV a cabo o fazem para ver futebol, esse mesmo público é fiel telespectador de programas sobre violência.

O que me impressiona é que esse público, o de massa, os pobres e os mais felizardos, aqueles que tem 200 canais de TV, incluindo os maravilhosos canais da Discovery, preferem ver noticias sobre barbáries e futilidades.

Mas vamos aceitar que boa partes dos humanos são fúteis, burros e alienados, OK.

Mesmo com essa informação severa de que a humanidade está perdida, me respondam:
Como diabos, um país onde DEZENAS de crianças morrem de dengue pode se comover tanto com uma só menina morta por sabe-se lá quem?

O povo começa a ver a historia como um conto de Agatha Christie, e cada um dá seu palpite sobre os fatos e devaneios de como o pai matou a própria filha.

Vamos tentar fazer uma narativa:

Menina morre ao ser atirada pela janela
O pai, em um surto de violência depois de brigar com a pequena menina, por algum motivo banal, a espanca. Completamente sem orientação, estrangula a própria filha. Em um ato desesperado ele pensa em como se livrar do corpo. Corta a grade de proteção e joga a menina pela janela. Para tornar o fato mais comovente é informado que a menina ainda estava viva, e ele (o pai), segurou o corpo pelas mãos e ainda teve tempo de pensar... Mas largou a criança a seu destino cruel.
(Agora, lembre-se que existe a hipótese, mesmo que remota, desse pai ser inocente).


Crianças morrem de dengue no Rio de Janeiro

Existem duas formas de descrever a historia igual à de tantas vidas sofridas:

Moleques se fodem com a dengue
(Jornal popular)
Menino negro de 5 anos, que poderia crescer e virar traficante morre depois de passar três dias em casa sozinho com a irmão de 12 anos também contagiada. A mãe, uma diarista que trabalha em uma casa de família rica na zona sul, saia de casa as 05:00h e só voltava as 22:00h.
Seu barraco fica próximo a um deposito de pneus, que pertence ao seu patrão, um empresário do ramo da reciclagem. Dona Maria, mãe do menino, ficou 13 horas tentando ser atendida no hospital público mais próximo. Voltou para casa onde a criança morreu com os olhos cheios de sangue e tossindo. Dona Maria já tão sofrida com a vida, nem lagrimas mais tinha, mesmo assim, dois dias depois do fato, chorou ao ver a pobre menina branca e linda que foi jogada pela janela.

A outra versão eu não vou contar, e muito pior que qualquer outra.
A pobre garotinha que perdeu a vida com 6 anos não merecia tal destino. Cabe a policia punir o autor ou autores, e torço por isso.

Agora, use sua criatividade...
Imagine a vida de uma criança que nunca sentou na frente de um PC, ou nunca foi fotografada por uma câmera digital sorrindo para virar foto de Orkut. Imagine quantos momentos felizes essa garota bonita teve nos seus parcos anos de vida. Imagine os parcos dias de vida que deve uma criança pobre que morreu de dengue.

A linda garota virou noticia.
As pobres crianças pobres viram estatística.
Com o passar do tempo, todos se tornam iguais, estatísticas e pó.

Como seria maravilhoso se vivêssemos iguais antes da morte, mas preferimos a indiferença, e boa parte acredita que será tudo mais justo e igualitário quando se tornar pó.
Somos só pó, e ainda estamos vivos.

[Eu não sou um socialista bolchevista, não sou contra os ricos (até gosto deles), eu não sou racista e preconceituoso, e sou tão bundão quanto todos que só falam e não fazem nada. O que eu sou mesmo é chato e inconformado com a alienação coletiva. Tem horas que penso em procurar um analista... Penso que estou ficando louco... Que fico vendo coisas, que fico me comovendo com coisas que são normais... Sempre existirá esse mundo maluco e auto-destrutivo. Restam duas opções: Pagar um cara que me receite drogas licitas para colar um sorriso amarelo na minha cara e me deixar igualzinho aos 90% dos que amam futebol, ou continuar nessa luta e sonho de ver um pouco de racionalidade nas coisas do dia a dia... Por enquanto, continuo odiando futebol e religião, mas to vendo que em breve o “agente Smith” irá bater aqui na porta: _Good morning mister Anderson!]