sábado, 3 de julho de 2010

A Sete Palmos (Six Feet Under)

Você assistiria uma novela sem vilões?
Onde pecados são exibidos de uma forma tão banal que você pode começar a se perguntar: Será que os freaks são tão malucos assim?
E se ao mesmo tempo, esse enredo trouxesse grandes ensinamentos... Maiores que ensinamentos bíblicos, éticos, morais ou sociais.
Como isso é possível?
Como existe lei sem punição? Como existe ordem sem parâmetros?

O seriado “A Sete Palmos” consegue fazer o espectador se envolver nessa colcha de retalhos.
Eu não aconselho esse seriado para menores de idade. Para pessoas influenciáveis. Para pessoas com problemas pessoais sérios*, Nem pensar!

Problemas pessoais sérios = Pessoas amadas em estado terminal, doenças graves, neuras, pessoas que se impressionam e ficam doente por que no Jornal Nacional noticiou algum novo tipo de gripe.

Obras de arte são aquelas criações que cada um gera sua interpretação própria. A Sete Palmos carrega um enredo tão banal e simplista que poderia ser escrito em pequenas revistinhas de bolso.

Mas o que tem de tão entusiasmante em ver uma família que mora em uma funerária?
Talvez a morbidez do início de cada capítulo ser marcado com uma morte, que dá seqüência aos preparativos para o funeral. O primeiro episódio começa com a morte do patriarca da família, e já iniciam as divergências do que naturalmente pensamos sobre pessoas que lidam com a morte.


Mesmo uma família desconexa, sem coesão dos membros e exibindo toda a individualidade da cultura americana, convivendo com a morte por décadas... Mesmo assim, todos carregam as angustias e medos do fim da vida.

Para não deixar o roteiro gótico o suficiente para tornar o seriado uma seqüência canastrona de filmes para adolescentes, entram no contexto temas que poderiam ser taxados de tabus: Drogas, homossexualismo, traições, religião e distúrbios mentais.

Não é um seriado cheio de sangue como Dexter. Não tem ação como 24 horas. E não é hypado como Lost. É feito para um publico pequeno. Por isso é surpreendente saber que foi uma das series de maior audiência na TV Americana, uma das mais premiadas e citadas por muitos como a melhor série de todos os tempos (assino em baixo).

É impossível não se apaixonar por todos os personagens. Sem exceção, todos são caricatos da forma mais natural que o ser humano pode ser. Se você curte novelas da Rede Globo onde os atores falam com eles mesmos explicando a cena, esqueça; esse seriado não é para você.

Quando Alan Ball (Beleza Americana) apresentou o seu primeiro roteiro para Six Feet Under, ele teve aprovação da HBO, com um apoio inusitado da manda chuva da empresa, Carolyn Strauss, que sujeriu: “Amo esses personagens! Você poderia fazê-los mais ferrados?”
Ball, claro, vibrou e teve o direito de usar toda sua criatividade.

Já no primeiro episódio a jovem Claire (Lauren Ambrose) recebe a notícia da morte do seu pai “chapada” por uma droga que ela não sabe se é anfetamina ou crack. Como já disse, não é um seriado para qualquer um.

O que é sempre mais comentado do seriado é o personagem Gay vivido por Michael C. Hall, isso mesmo, o mesmo ator que faz o papel do psicopata Dexter. Ele encarna David Fisher, o filho que era o braço do pai na funerária.

Como todo seriado, A Sete Palmos tem temporadas mais empolgantes e outras menos. No geral, as falas sempre são o motivo principal da minha paixão por essa novela.

A carga psicológica vai da pura rebeldia da personagem Claire e seu amadurecimento durante as temporadas, indo mais fundo em Brenda Chenowith (Rachel Griffiths), uma personagem que por si só já renderia um seriado, com todos seus traumas de infância que lhe jogam em um mundo de mentiras e remorsos.

A mãe da família é uma pacata senhora, envolta no seu trabalho doméstico, e isso poderia tornar a figura de Ruth Fisher (Frances Conroy) uma simples figurante. Não irei tirar a graça para aqueles que ainda não assistiram, mas preparem-se, risadas e bocas abertas é o que a Ruth irá arrancar de você. Fico na dúvida quem é a mais louca, a Ruth ou a Brenda.

A serie tem 5 temporadas, e foi transmitida nos EUA de 2001 a 2005. Todos que eu conheço que assistiram, compraram os DVDs ou estão querendo completar a coleção. É uma obra prima que merece estar na prateleira.

Se já viu, fala ai, o que achou?

Ah! A serie voltou a ser exibida no SBT nas madrugadas do sábado, após Supernatural, começa as 03:15h.
É bem mais legal pegar na locadora ou usar os meios internéticos para download.

9 comentários:

Grace disse...

Fiquei aqui na vontade de assistir.. hehehe... Bjoos!

Grace disse...

Ha!! já comecei a assistir... e to adorando! ;)

Chantinon disse...

Vamos ver o primeiro machão que seguir a sugestão o que irá achar :D

Anônimo disse...

Chantinon!
Eu e meu namorado nos viciamos em Six Feet Under no ano passado. Depois que começamos a assistir essa série, nao tinhamos olhos pra mais nenhuma outra. Terminamos todas as temporadas em poucas semanas.
O que eu mais curti na Six Feet Under é o desenvolvimento psicologico dos personagens e como o autor consegue evoluir essas personalidades da forma mais inesperada. Ou seja, quando a gente pensa que a loucura deles chegou num limite, a gente se surpreende com novas bizarrices, mas sem ser forçado ou descabido. Todo mundo é fora da casa no seriado como todo mundo é fora da casa na vida real... hehehe!
E eu adoro a Ruth e suas bipolaridades! Ela é a minha personagem preferida!
ps: estou de blog novo, passa la : http://macameraobscura.wordpress.com/

Chantinon disse...

Dani,
Eu juro que quando li: "Eu e meu namorado..." já fui logo pensando que iria ler um relato beesha!
Hahaha!
Eu já tinha visto que você mudou de endereço, e não consigo comentar lá... Com as novas mudanças no Blogspot o wordpress deixou de ser o mais interessante (pelo menos o free).
falando em beesha... Deixei de ver aquele outro site que vc escreve pq tava gay demais para a minha machisse nordestina. Não por vc, é claro, mas pelos textos do viado mor de lá.
Bjs

Chantinon disse...

Fabi,
Eu levei um tempo para entender pq rola tanta droga no seriado, mas foi ai que percebi, eles vivem uma vida baseada na morte... triste demais.

Normalmente pessoas que trabalham com "a morte" passam a encarar como algo normal.

Para mim também é normal, mas jamais trabalharia em um IML. Ver todos os dias a dor, o sofrimento e o sentimento de perde de outras pessoas... Isso não é pra mim.

Outra questão, é que o seriado se passa em Los Angeles, e tira o estigma de que tudo nos EUA é consumo e que todos são frios e calculistas. O povo americano é único... Eles são capazes de serem frios, mas ao mesmo tempo o povo mais caridoso do mundo.
Deveríamos olhar para eles como um laboratório e evitar cometer os mesmos erros, mas parece que só copiamos exatamente as falhas.

Anônimo disse...

Tenho as 5 temporadas em DVD e no laptop também, já assisti mais de 5x e é impossível não se surpreender cada vez que assisto. Realmente muito bom.

Anônimo disse...

A sete Palmos, acima de tudo excelente;

Dianah B disse...

Esse seriado é uma obra-prima da TV americana!
Me vejo em cada um dos personagens, cada neura minha aparece em um deles (mas a Claire é a que + me identifico porque é artista, tem uma família neurótica e adora se envolver com malucos, hehehe).

E me ajudou até a lidar com a morte do meu irmão gêmeo e como focar nas coisas importantes da vida.

Só posso descrever esse seriado como um "Show Agridoce".
Igual a vida.