quarta-feira, 7 de março de 2007

“Moço, quem mora no morro não tem sonho”
















O Globo e O Globo Online

RIO - “Qual era o maior sonho da sua filha?”, perguntou o repórter à diarista Edna Ezequiel, de 31 anos. “Moço, quem mora no morro não tem sonho”, respondeu ela. O diálogo aconteceu na tarde desta terça-feira, pouco antes de a filha de Edna, Alana, de 12 anos, ser enterrada, no Cemitério do Caju. Na segunda-feira, durante um confronto entre policiais e traficantes, no Morro dos Macacos , em Vila Isabel, a menina foi atingida por uma bala perdida e não resistiu. A polícia está investigando de onde partiu o tiro que matou a menina Alana Ezequiel . ( Relembre outros casos de crianças atingidas por balas perdidas ) Edna chegou ao cemitério, por volta das 14h30m, acompanhada de parentes e de três dos quatro filhos que restaram: Maria Alice, de 6 anos; Michael, de 10; e Carlos Alexandre, de 15. A filha caçula, de 2 anos, ficou em casa com a avó e ainda não sabe da morte da irmã.
Durante o sepultamento cerca de cem moradores do Morro dos Macacos, entre parentes e amigos da menina, fizeram protesto com faixas e cartazes pedindo justiça. Eles acusam a polícia da morte da menina. Na capela F, no entanto, o que mais impressionou foi o choro das crianças. Eram cerca de 30, que ainda procuravam entender o que aconteceu. O irmão de
Alana, Michael, de 10 anos, demostrou que ainda não havia compreendido:
— A Alana está com o rosto machucado — alertou o menino à mãe, que respondeu:
— Filho, ela já morreu. Agora, não faz mais diferença.
Como a família não tinha dinheiro para o enterro, a Santa Casa de Misericórdia arcou com os custos do sepultamento de Alana.
A menina de 12 anos morreu quando voltava para casa, depois de deixar a irmã mais nova na creche da comunidade, quando foi atingida por uma bala perdida de fuzil, que provocou lesões nos pulmões, em várias costelas e no fígado. A menina ficou no meio do fogo cruzado. Baleada, ela só teve força para gritar por socorro. Ela morreu quando estava sendo encaminhada para o centro cirúrgico. Os próprios moradores levaram a menina ferida ao hospital. Quando soube que a filha tinha morrido, a mãe de Alana ficou desesperada.





Quando o ser mais estúpido do mundo (o humano) chega a um ponto que nem consegue mais sonhar, o que será que ele é capaz?
Só chorar e ver o sangue correndo pelas vielas, ou será que se enfurece e passa a matar como um animal selvagem?
Deveríamos pensar mais sobre os menos favorecidos...
Quando não se consegue mais sonhar, é sinal que não se tem mais nada a perder.
Que país é esse? É a porra do brasil!

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