segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Muito Longe de Casa

Costumo falar para as pessoas que para conhecer a realidade, a vida real, visitem uma favela.
Em todas as capitais do Brasil o êxodo rural que começou nos anos 60, transformou a miséria em arquitetura, morros tornaram-se moradas e um mar de almas sem dinheiro se amontoou em casebres e terrenos invadidos.

Onde existe miséria, existe violência. A fome ou a indiferença social são combustíveis para uma guerra, silenciosa para a mídia, mas latente para os que convivem com assaltos e violência descontrolada das grandes cidades.


Muito Longe de Casa - Memórias de um menino-soldado

Essa situação não é exclusividade do Brasil, e ler um relato de um jovem que aos 12 anos virou vitima de uma guerra civil e tornou-se tanto vitima como algoz, me lembra o ultimo assalto que sofri - 6 meninos com no máximo 13 anos, dois deles armados e muito nervosos.
São crianças que já nascem com o destino traçado. Pessoas que são empurradas para o abismo, e como não existe uma viela com alternativas, por que não levar algumas pessoas acorrentadas em sua queda?

Ishmael Beah sobreviveu, e saiu de Serra Leoa para contar ao mundo como passou seus dias no horror da guerra. Hora como vitima e excluído do seu próprio povo, e por outra face um menino-soldado, tão violento e matador contumaz como seus inimigos.

Em “Muito Longe de Casa – Memórias de um menino-soldado”, Ishmael Beah conta suas aventuras e sua paixão infantil pelo Hip Hop. Infelizmente o livro não conta só as brincadeiras de um grupo de garotos, mas como a violência entrou em suas vidas e levou a paz, que depois de tanto sangue e torturas não voltará nem em seus sonhos.

Há muitos anos me convidaram para trabalhar em Angola. Na época mais conturbada. Depois de ver os vídeos (Iria trabalhar em uma produtora de vídeo, que vez por outra contrabandeava as fitas com cenas que nem o governo e os opositores gostariam que saíssem do país) pensei no meu filho e no que eu poderia ter que fazer para continuar vivo em um caos como aqueles, foi fácil recusar a oportunidade.


Uma onda no ar

Seguindo o raciocínio sobre a violência urbana, vale citar um filme que acabei de ver na TV Cultura: “Uma onda no ar”, que conta as amarguras de jovens negros na luta por uma vida melhor em uma favela de Belo Horizonte.
Criando uma rádio pirata que funciona durante o horário da Voz do Brasil, os idealizadores não imaginavam que suas criticas a policia e queixas pudessem criar tantos problemas e chamar tanta atenção.

Além da coincidência do tema violência, o livro se liga a este filme pela musica Black e como jovens que com coragem de divulgar suas idéias podem se tornar espelhos para seus irmãos também sofredores.

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