quarta-feira, 11 de janeiro de 2006

De porta em porta

O mundo é cruel com aqueles que fogem ao padrão. Vivemos uma busca desenfreada por padrões, acho até que irão lançar um ISO 17000 para bêbes. Imaginem já receber um código de barras na bunda logo ao nascer? Ou simplesmente ser considerado fora das normas e desintegrado antes de conseguir enxergar nítido o mundo?

Ainda não vivemos essa situação, mas socialmente o mundo ainda é exclusor e cruel com os que fogem do padrão estético ou social.

Isso me lembra uma frase:

“O homem racional adapta-se ao mundo, o irracional persiste em adaptar o mundo a si. Portanto, todo o progresso depende do homem irracional”. – Bernard Shaw.

Historias reais contadas em filmes geralmente são tocantes, e “De porta em porta” se encaixa nesse padrão. Um filme que toca em vários sentidos, e muitos irão se focar em ver o personagem Bill Porter (William H. Macy) como um inapto e paralítico. Mas é só mais um ser comum, fora dos padrões, mas que tem a infelicidade de ser portador de deficiência física, feio e tem ainda a mãe que fica alienada. Tudo que é necessário para baixar a cabeça e desistir. Mas ai está há prova que as certificações e padrões não provam nada.

Impressionante como o futuro é previsível. Seremos escolhidos pelo DNA ou alguma norma técnica que define se você presta ou não para ser empregado, parceiro romântico ou pai e mãe. Filmes que retratam esse futuro gélido: Código 46, Matrix, Brazil – O Filme, A Ilha e tantos outros que não lembro agora.

Em uma das cenas de De porta em porta, Shelly (Kyra Sedgwick) fica indignada quando sabe que dois sujeitos atendidos por Bill Porter são na verdade um casal gay, ela diz que a Igreja não aceita isto e que é errado. Bill responde: - Eles são pessoas legais, e Deus os fez assim, e ele não erra.

Bill Porter além de estar fora do padrão, também aceita os fora da norma, os fora da especificação. Quem dera o mundo fosse feito de aleijados como ele.


Mais informações:

TNT - Door to door
Bill Porter

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