terça-feira, 5 de setembro de 2006

Jovens da classe média já são 1/3 dos internos da Febem

SÃO PAULO - Uma pesquisa feita pela Fundação do Bem-Estar do Menor (Febem) de São Paulo mostra que o número de jovens da classe média já representa um terço dos internos. Acusados de roubo a carros, assaltos, tráfico de drogas e homicídios, esses jovens fogem do perfil do interno da instituição. Dos 6 mil internos, 28%, quase 1.500, vieram da classe média e 3% são procedentes de famílias ricas.

- São jovens que fogem totalmente do perfil do menor infrator, que vinha de bairros pobres - disse Berenice Gianella, presidente da Febem.

Segundo a Febem, ao entrar na instituição, os adolescentes da classe média são obrigados a se adaptar a uma realidade diferente. Convivem com outros jovens mais pobres e, para se comunicar, têm que se adaptar a um outro vocabulário. A pesquisa mostra que a maioria destes adolescentes já usou maconha, álcool e cocaína.

Nos últimos cinco anos, quase triplicou o número de internos detidos por tráfico de drogas. Em 2000, eram 5%. Este ano, chegaram a 14,4%, cerca de mil jovens.

- Eles têm desejo de vários bens e acabam se envolvendo no crime. Para eles, o malandro tem mais apelo do que aquele que se comporta adequadamente - disse a advogada Sabryna Sposato, do Ilanud (órgão da ONU para tratamento e prevenção de delito do delinqüente).

Na pesquisa foram entrevistados 1.190 dos 5.970 internos, nas 103 unidades da Febem. Segundo a fundação, a maioria (52,8%) dos infratores cumpre medida socioeducativa por roubo. O tráfico é o segundo maior motivo de internações (14,4%), seguido por homicídio doloso (8,7%), furto (5%) e descumprimento de medidas anteriores (4,9%). Infratores que cometeram homicídio culposo (sem intenção) e estupro ou atentado violento ao pudor representam 0,9% e 0,8%, respectivamente.

Dados fornecidos pela assessoria de imprensa da Febem revelam que o número de infratores que respondiam por roubo representava 63% do total, em 2000, somados aos 5% que respondiam por tráfico e 8% por homicídio.

A maioria dos internos (37%) tem 17 anos, seguidos por 22% de 16 anos, 11% de 15 anos, e 3% entre 13 e 14 anos. Do total, 95% são do sexo masculino.

Texto do site O globo online:
http://oglobo.globo.com/sp/mat/2006/09/04/285533889.asp


Pelo menos em alguma coisa estamos cada vez mais parecidos com os EUA.

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