sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O que está havendo com o mundo?


Festas de casamento com axé, pagode e funk.

Para agradar a todos, e inserir os 5% dos que não suportam musica de rádio (5% quer dizer que estou em um dia muito otimista), a banda começa a tocar uma playlist generalista, que quase na totalidade das (no máximo 8) músicas são do U2 e John Lennon, e rola aquele clima de enterro de baiano, sim... Porque o vocalista da banda tem um sotaque de cantor evangélico de axé, e lá vai ele desafiando Bono com With or Without You. Nesse momento os já bêbados começam a sentir o efeito do Red Label falsificado, é fácil ver alguns regurgitando como um ruminante.

Mas já que começaram, os “músicos” tem que dar seqüência, e entra John Lennon com a surrada Stand By Me (Mais obvio só menstruação de mulher que toma anticoncepcional).

Essa narrativa vem dos vídeos de casamentos que me colocaram na mão como uma forma de ganhar uns trocados (vacas magras fazem você passar por humilhações). Editar vídeo de casamento é algo que você só deve desejar aquele seu pior inimigo, e isso se você for muito sádico.

Mas foi graças a esse trabalho alternativo que entrei numa “vibe” emo e fiz o post "Que ele esteja com todos nós".
É incrível como ainda tem gente com coragem de casar, sonhar com filhos, família e uma casinha branca. E isso eu acho o máximo.

Comecei editando o vídeo rindo é claro, por que casamento sempre é hilário. E quando é de alta sociedade ai pronto, é aquele monte de gente feia misturada com bonitas e todo mundo se socializando para ver onde será o próximo fim de semana grátis usando algum novo rico como anfitrião.

De tudo eu dava gargalhadas. Mas ai flagro um momento intimo da mãe do noivo com o coitado:

A mãe acariciando o rosto do filho: _Tá emocionado?
O noivo quase perdendo a pose: _Tô sim!
E os dois se abraçam.
Cara, isso é emo demais, mas fazer o que? Mexeu comigo sim. Pelo menos até eu começar a ouvir pagode e axé como trilha sonora.

Eu juro que gostaria de ser mais popular. De ligar numa rádio e aprender as músicas da onda, mas não consigo. Existe uma barreira preconceituosa tão radical como nazismo ou maoísmo, que fecha meus olhos e ouvidos para tudo que é apreciado pelo povão (Pera lá, tudo é muita coisa, vamos dar uma margem ai...)
Tempos bons aqueles do passado onde existia elite. Onde as classes eram bem definidas. Mas agora só tem preto e branco (literalmente). Claro que estou brincando!

Mas no meu passado recente de jovem antenado (na verdade só a procura de diversão), era nas universidades que uma galera imensa se reunia para ouvir dezenas de bandas de rock, ou mesmo blues. Existiam concursos anuais nos colégios onde garotos formavam suas bandas. E até nos anos 90 era possível ir para o Polo Pina pular como louco ao som de Jorge Cabeleira ou mesmo da desconhecida Nação Zumbi, pilotada por um tal de Chico Science.

Mas hoje, ouvir música é coisa de elite. O Polo Pina não é mais aquela rua sem asfalto e com esgoto a céu aberto (Isso sim era underground), as universidades não fazem mais eventos musicais, e as muvucas que reúnem jovens são movidas por abadas ou sambas que fariam a turma do Noel Rosa desejar ter nascido no Japão por que o suingue por lá deveria até ser melhor. E a elite escuta exatamente a mesma “coisa” (no pior sentido da palavra) que rola na favela.

Não adianta reclamar, o jeito é ficar rico, e claro, rico sem amigos, um verdadeiro sociopata. Ai você pega um avião e vai morar na Alemanha.
Mas se você não tem jeito para skinhead, não tem grana para bancar essa vida nova, quer ser cosmopolita mesmo morando no interior brabo do Recife, fazer o que? O que?
Vou terminar de editar esse vídeo que é o melhor que eu faço da vida.

Vendo/ouvindo o Show 101 do Depeche Mode, que é simplesmente Du caralho!
Também chegou as minhas mãos o CD Classic Metal, uma coletânea de músicas que tocavam nas rádios dos anos 80, e é exatamente isso que eu me pergunto: Porque antigamente existia um misto de lixo com luxo, e hoje só merda, pelo menos na mídia, por que para quem tem internet e se sente cidadão do mundo, tem coisa boa pra caramba!

A verdade está lá fora!


Um comentário:

kimikkal disse...

"...everything counts in large amounts"

A estupidificação é geral, anda tudo a adorar o Cartão de Crédito, Deus do Consumo.

"It's a competitive world"

Neste mundo especializado, a cultura é cada vez mais acessória, luxo de quem renega ao Consumo.