segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Um peixe grande, John Lennon e a Geração Y



































Não sei há quantos anos assisti “Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas” (uns 3 ou 4 anos atrás), mas essa semana, esta lá eu, nas minhas atividades domésticas limpando excremento de cachorro (cachorras na verdade), quando tive um lampejo sobre esse filme.

Eu estava mais uma vez pensando sobre a Geração Y, e como sofrem esses coitados jovens nascidos pós 1980. E como sofrem esses pais despreparados para a fúria hormonal dos jovens.

Se eu gostasse de dinheiro, e confiasse nas minhas próprias reflexões, venderia palestras para pais que pensam em trancafiar seus filhos em calabouços.

No momento que estava jogando sabão em pó e desinfetante sobre poças de xixi canino, estava pensando (brainstorm individual) sobre esses temas: “Como ajudar pais e filhos que não se entendem”, “Como mostrar a jovens que maconha é a porta do inferno”, “Como falar para sua filha que HPV está presente em todos os pênis desse mundo sem traumatizá-la”, “Como explicar para seu filho que devemos aceitar as diferenças, mas que você não morreria de felicidade se ele fosse gay”...

Ai me veio um lampejo, como o de Chuck, daquele seriado que passa nas manhãs de domingo na TV. E vi todas as cenas de “Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas”.
Foi a historia metafórica que mais demorou a se mostrar na minha cabeça, e olha que eu sou fã de carteirinha do David Lynch.

Acho que assisti o filmes por 2 vezes e meia desde a primeira vez, mas só agora consegui associar a historia com o que acredito ser o mais profundo e belo sentido.

O filme é basicamente a historia de um pai (Ed) gente fina, que adora contar “causos” sobre suas grandes aventuras e seu filho Will, que não suporta o jeito esbanjador e popular do seu pai.
Na interpretação sem queimar nada de miolo, a primeira visão é de um filho frustrado, um pai mentiroso que fala muito e adora ser o centro das atenções. O filme vai ficando mais bonito com as descobertas do filho, que resolve tirar a prova sobre os contos de seu pai.

A metáfora está exatamente nesse conflito.
Will segue caminhos perigosos, mas como ele não acredita no seu pai, passa a enfrentar todo tipo adversidade como se tudo aquilo não estivesse acontecendo, tamanha era a incredulidade do rapaz. Como um adolescente cabeça dura, Will passa por provações desnecessárias no sentido de por a vida em risco, mas essenciais para o crescimento ao estilo tentativa e erro (onde o erro pode significar 7 palmos de areia na cara).

Outra coisa que é simplesmente maravilhosa (metaforicamente) são os caminhos por onde Will passa. Eu sempre falo que a vida é como a raiz de uma arvore, onde as raízes vão crescendo e criando caminhos (bifurcações), e sempre temos que escolher um lado a seguir, e dificilmente aquela outra ramificação voltará a se encontrar com o caminho que escolhemos.
É a estrada das escolhas, e muitas vezes não é fácil definir qual o melhor caminho.
Quando o filho começa a entender que tudo aquilo que o pai contava era verdade, ele também passa a sonhar, ele descobre o amor.

É aquela eterna briga: Não faça isso, não faça aquilo!
E o filho sempre vai por caminhos que todos alertam não ser o melhor.
Se você tem um filho adolescente, ou você é um adolescente que nunca entende seus pais, esse filme é ótimo, para ambos!


A realidade de hoje
Essa semana sentei em uma mesa de bar com um cara que chamo amigavelmente de Jack Bauer. Ex-policial, detetive particular, advogado e um certo conhecimento intelectual, resumindo, um cara muito perigoso. Na outra cadeira estava um senhor que não posso revelar a patente, mas é um cara que foi treinado na Swat, chegou a ser xerife nos EUA, e de quebra tem alguns cursos com o pessoal da policia de Israel.

Nossa conversa girava em torno dos problemas sociais e a violência enfrentada hoje. Como sou um “flamer”, levei o papo para dentro da vida familiar. Nessa hora você descobre que tanto pais durões quanto os mais moderados (eu sou um moderado durão), sofrem da mesma forma pelos seus filhos ou netos que herdaram esse mundo atual.

Nossa conversa me lembrou a cena de “Onde os Fracos Não Tem Vez”, onde os dois velhos Xerifes conversam sobre o passado e o presente.

Esses senhores que falei carregam respectivamente 46 e 66 anos de vida. São pessoas treinadas para buscar soluções, sejam moderadas ou “Cleaner by China Style”, e todos na mesa concordamos em uma coisa: O mundo não tem mais jeito! (Mentira, tem sim!)

A inversão de valores promulgada por alguns filósofos negativistas, é pura realidade de hoje.
No passado eu sempre buscava filmes onde os bandidos se dessem bem, porque achava um saco aquela mesmice onde sempre os bonzinhos ganham. Ou melhor, eu adorava filmes ao estilo “Era uma vez na America” onde simplesmente ninguém presta.

Mas hoje amigos, nos filmes ou na realidade dura, a bandidagem está no pódio.
O que diabos vai ser do mundo quando os filhos da Geração Y estiverem governando isso aqui?
Filhos de uma Geração de pais separados, mães que só tem tempo para colocar os filhos na cama ao chegar as 21:00h em casa. Jovens que bebem como se a felicidade estivesse em uma garrafa de cerveja. Um mundo onde drogas que viciam na primeira dose podem ser compradas em qualquer bairro. Um mundo onde os filmes sobre relacionamentos exibem historias reais que no final terminam em final infeliz.

Será que deixamos de sonhar?

Working Class Hero - John Lennon

Acredite, você deveria conhecer a letra dessa música.


Dicas para os pais (tentando consertar erros de gerações passadas):
  • Trate filhos e filhas de uma forma igualitária. Elas choram mais, mas são tão frágeis e perigosas quando os moleques. No lugar de querer preservar sua querida filhinha, e fazer do seu filho um garanhão, que tal mostrar para ambos os sexos que essa divergência não faz muito sentido e que promiscuidade não é bom pra ninguém?

  • Seja amigo dos seus filhos. Não são eles que tem que lhe entender, é exatamente o contrário (Mas se você ai é o filho, entenda seu velho).

  • Sobre drogas lembre-se, as duas piores são álcool e cigarro, e são legalizadas. O perigo não está na maconha e sim das mãos que ela vem. Então... Seja amigo dos amigos do seu filho, isso pode ser de grande valia.
E se seus filhos já tem mais de 12 anos de idade, choque eles... É a melhor terapia.
Compre pipoca e coca-cola e coloque naquela sua linda TV enorme os filmes:



Agora as dicas radicais:
  • Se você acredita que não será um bom pai ou mãe, vasectomia e ligadura de trompas é essencial. Os futuros marginais que não virão ao mundo agradecem (a sociedade mais ainda).

  • Se você é uma jovem de 15 anos e acaba de ficar grávida do seu amigo traficante ou de um namorado que tem mais outras 3, aborto é algo que sempre fui contra até ler Freakonomics, leia o mais rápido possível e vá logo para a clinica, aproveita e faz a laqueadura.

  • Você conhece algum traficante, pedófilo, tarado... Uma bala entre os olhos ou na nuca resolve o problema.
Deixando claro, sou contra violência. Quando criança levei muitos catiripapos da minha mãe, amo ela sem magoa alguma. Meu pai só me bateu uma única vez, e ficou 3 dias amargurado por isso, até me pedir desculpas.

Estamos a um passo da maior quebradeira mundial. Isso vai ser lenha para mais violência. Novos ricos irão surgir. Novas idéias e novos falsos pastores.

Se eu podesse reger o mundo eu diria:
Vamos parar de crescer
Vamos viver a vida de verdade, sai dessa porra de internet e vai para a praia
Coma menos e aceite o slow-food
Ame alguém de verdade, e deixe de acreditar em frases prontas como: “Que seja eterno enquanto dure”. Isso só deveria servir para atores e poetas.
Faça amigos, não contatos.
Gaste seu ultimo centavo para ver aquele show que você tanto sonha
De agora em diante o controle da criminalidade é ao estilo China, você ai corrupto e outros tipos de bandidos... A casa caiu! Toma aqui a conta da bala, PEI (no meio da testa)!

Se eu que sou da paz, a favor de amores a lá John Lennon e Yoko Ono, já aceito aborto e fuzilamentos, será que não é hora de repensarmos esse mundinho?

Mind Games - John Lennon

Acredite, você também deveria conhecer a letra dessa música.

3 comentários:

Flávia disse...

Dos filmes que vc sugeriu, só não assisti Peixe GRande. Os outros são obrigatórios no meu DVD.

Quanto a sonhar, eu acho que a gente ainda sabe... mas meio que põe os sonhos pra dormir, sabe como é, é feio sonhar em público... pelo menos é o que se apregoa.

Beijoca, belo.

Anônimo disse...

Genial o texto, e as tuas sugestões sobre como os pais devem agir. Tá que eu mudaria algumas coisas, mas o referencial é ótimo! E citar Peixe Grande foi uma metáfora bem feliz.

Mas deixando de lado a tangência que nos interroga se o pai é um grande mentiroso ou um talentoso contador, esse filme me deixa a impressão de liberdade. De um cara que - independentemente de ser verídico ou não - foi fazer histórias e vivenciá-las.

Chantinon disse...

Flavinha,
Corre e vai ver, que esse é imperdível.

Talita,
Eu acho que é exatamente isso de cada um criar suas próprias histórias. O filho só passou a acreditar depois que começou a vivenciar. Acho que somos todos assim.