quarta-feira, 28 de abril de 2010

Abril Pro Rock (Passou!)

17 de abril de 2010. Muita chuva, muita chuva mesmo…
E as 19:00h eu me perguntando: -Cadê o engarrafamento? Cadê os cambistas e o amontoado de gente fazendo posse antes de entrar no festival?
Parecia o fracasso total. E não é por menos, o Abril Pro Rock, festival com 18 anos de idade chegou à era adulta meio que perdido. Mas...
Depois de esperar em uma barraquinha pelo fim da chuva que não ocorreu, entrei no Centro de Convenções, que já há algum tempo é climatizado, algo que torna um show muito mais prazeroso (Tudo bem, tem alguns shows que praia e sol é a melhor condição).

Vamos à narrativa do que importa: O som...

Primeiro as coisas que eu não ouvi porque já tinham passado pelos palcos (são dois palcos revezados):
Anjo Gabriel (PE), Mini Box Lunar (AP), Plástico Lunar (SE), BUGS (RN), Zeca Viana (PE).
Fui no Myspace de cada um para ver o que eu tinha perdido, e apesar de nenhum desses ter me agradado, acho que muitos iriam curtir, principalmente a molecada que gosta de bandas desconhecidas.

Vendo 147
Eis que começa uma tal de Vendo 147. A principio pensava até que era uma banda pernambucana, desses caras que se reúnem para fazer um som nos finais de semana e terminam criando um nome engraçado e tocam em lugares pequenos onde o pagamento fica em cervejas e algumas moedas.
Vendo 147 é na verdade uma banda da Bahia, e foi a melhor surpresa da noite.
Os caras usam duas guitarras solo, e o melhor, duas baterias (isso mesmo). Na hora meu humor sacana pensou: “Quem não tem Neil Peart usa dois bateristas”.



Mas o som ficou não só pesado como sincronizado. Os dois bateras batem com força, não estão preocupados em rachar pratos e quebrar baquetas, e tome porrada nas caixas.
Vendo 147 faz um som que eu chamaria de Rock Clássico, mas muitos irão definir algum modelo tarja (TAG) mais conhecido no mercado. Entre musicas próprias e covers instrumentais de Metallica (O Fernando que reconheceu a musica, eu não), Black Sabbath, AC-DC, o publico presente que ainda era pequeno deve ter pensado que vieram no dia errado do festival.
Desejo muito sucesso ao Vendo 147. Os shows que se seguiram (com exceção do Pato Fu) me deixaram grilado com o maldito Playback. Para esse nosso tempo de coisas fáceis e venda por volume, pode ser ótimo, mas música e ainda mais em shows deveria ser crua e verdadeira como os Vendo 147.

Nevilton
Eu queria até dizer que gostei, mas eu não gosto desse estilo meio que Los Hermanos (Eu simplesmente detesto Los Hermanos). Ficou rolando o som e fui comer um pastel. Triste, mas o pastel para mim era deveras melhor que o som do sujeito.

The River Raid
Eu poderia me alongar aqui descrevendo o som da banda, o playback, as letras fracas, o clipe moderninho de custo de um cacho de pitomba, mas eu prefiro dar um ponto positivo para os caras... Excelente salão de beleza, os melhores cabelos de todo o festival.

Plastique Noir
Rapaz, eu tenho que agradecer muito ao vocalista dessa banda cearense. Eu sempre quis encaixar a voz do Marcelo Nova em algum tipo de som que eu não conseguia definir. Tá ai, Plastique Noir é uma mistura de Camisa de Venus com EBM. Se eu não tivesse conhecido o Chants Of Maledicta, diria que é o mesmo vocalista (E isso faria uma mulher sair da Noruega para mandar bala em um cearense, vixe Maria... ). A banda acho que não estava em um dia inspirado, e talvez com problemas no equipamento, mas eu gosto de EBM, só não empolgou.

Wado
Bem, ai o problema deve ser comigo mesmo. Todo mundo fala bem do cara, ganhou prêmios e mais honrarias, mas eu não gosto da voz e do puxado meio malandro carioca com sotaque de sertanejo (Uma combinação digamos... estranha). É uma versão Lula Queiroga com musica caribenha, ou seja, exótico demais para mim, ou melhor dizendo mesmo, não tem quem agüente escutar um disco inteiro.

Instituto Mexicano del Sonido
Eu não fazia idéia do que diabos era esse grupo. Continuo sem saber, e irei continuar assim. Só os produtores do Abril Pro Rock para importar uns caras do México para fazer um som que qualquer DJ de festa de formatura faz. Alias, em Recife tem DJ especializado nessa tranqueira, tocar musicas dos anos 80 (as piores) em festas para pessoas que estavam saindo do ovo nos malditos anos 1980.
O show é circense na pior das generalizações, já que não tem malabaristas e cuspidores de fogo. Consegue fazer o esqueleto chacoalhar, mas poderiam ter trazido da Paraíba Chico Correia, que é muito - eu disse MUITO - melhor.

3naMassa
Pronto, finalmente o som começou a limpar. O 3naMassa tem uma proposta que pode não parecer inovadora (boa parte das bandas que eu gosto com vocais femininos os caras também usam da cafetagem para garimpar gatas com vozes de anjo), só que eles adicionaram um tempero, e é pimenta mesmo. Eu chamo o 3naMassa de Portishead Pernambucano (Melhor chamar de brasileiro. Mesmo nessa minha fase “amor por Recife” é fato que os caras já ganharam o país faz tempo), ou seja, é sensual. E se o Portishead é Viagra mesmo com a Beth Gibbons não sendo nada de bela, imagina uma banda brasileira com brasileiras gemendo cantando?

Marina de La Riva cantou até a clássica da rádio antena 1, Loving You (Minnie Riperton). Nina Becker pareceu ter problemas com o microfone, mas quem diabos iria se preocupar com porra de microfone nessa hora? A menina tem um ar de “não to nem ai” que é puro Noir.
Lourdes da Luz é a mais cantora de todas, sua voz e gingado são únicos, resumindo, ela é o máximo na interpretação. Como ninguém é perfeito é a menos sensual, graças as tatoos (tá, eu to falando isso devido a essa tatoo no peito, que ai é destruição total. Mas não vai faltar pretendente [Freaks] para a menina, que é uma das maiores artistas do pais).


Acreditem, ao vivo é 10.000 vezes melhor

Estou falando de pura sacanagem (claro, é o 3naMassa...), mas além das vocalistas, a banda é a perfeição. Os músicos tem um sincronismo perfeito, e o playback dos BGs de acompanhamento casam suaves e precisos, musica de quem sabe o que tá fazendo, não é só exploração sexual visando engordar a conta.
A surpresa ficou para Karine Carvalho... (pausa para beber água... sério, não fui no banheiro não, foi água mesmo – pervertido esse seu pensamento em madame). Voltando... A menina que nem deve ser tão menina assim, mostrou como se faz (calma, calma, to falando de swing... Ops! Não estou sabendo me explicar... deve ser esse calor da terra do Frevo)


Não, isso não foi no APR... Mas dá para sentir o que rolou

Ah! A garota arrebentou. Dançou como uma francesa da noite, caras e bocas (discretas) movimentos e vestido curto (nem tão discretos), e fez a galera vibrar. Nesse momento veio pela primeira vez na minha cabeça... MEUS DEUS, eu só paguei R$ 20,00 por isso!!!

Africa Bambaataa
Bem, eu tinha ido ao festival com a única vontade de ver 3naMassa, Pato Fu e o Africa Bambaataa. Para quem tem menos de 25 anos, e não faz idéia do que é musica pop, não sabe o que é Funk. Na cabeça das chapinhas musica é o que passa na MTV, mas funk meu amigo não é aquela merda que vem do Rio de Janeiro, aquilo é musica para marginal, como muita coisa do Hip Hop americano (que você também não sabe do que estou falando... Nos EUA existem canais de TV de “Pretos” que exibem clipes com os negões tacando revovão na caras dos branquelos mano!)

O Africa Bambaataa (Kevin Donovan é o nome do homem) nunca foi santo. Não era diferente de outras bandas de negros dos anos 80. Tudo se resumia a ódio por brancos e troca de facadas com os brothers da mesma cor. Até que ele descobriu o obvio, ninguém ganha com guerras.
Donovan passou a se preocupar mais com a sonoridade do que com as brigas de gangues, e daí saiu o clássico Planet Rock, que infelizmente não foi tocado na sua versão original (ou uma delas).
No meio do mesclado de clássicos do Funk (Claro que estou falando de James Brown) e Hip Hop, sai o samples de “ta dominado”. E fico pensando em como as pessoas integram coisas estranhas na rotina e nem percebem... Tá dominado é uma gíria de traficantes, e nos brasileiros transformamos bandidagem em pop, nem o mais sanguinário dos negões americanos dos anos 80 conseguiria imaginar uma Xuxa incentivando esse tipo de “funk”.

Pato Fu
Os mineiros mais descompromissados com vendagem de discos já chegam ao palco conversando com a massa. A Fernanda e o John falam com a intimidade de quem levam nas letras de suas musicas coisas banais e introspectivas como o próprio relacionamento deles ou a diversão e doçura de ter uma filha dentro de casa. O Pato Fu é minha banda nacional preferida no sentido sonoro, e o casal dono do projeto, para mim é o maior exemplo que diversão, amor e trabalho podem caminhar juntos, com respeito e paixão.
A banda era a mais afinada (junto com o 3naMassa), mesmo com as brincadeiras de entre as musicas a Fernanda ficar com voz de pato :D
A playlist parecia ter saído das minhas preferidas, e foi fantástico ver e ouvir o Pato Fu cantando a poucos metros.



A Fernanda bem humorada como sempre, colocou um óculos escuro dizendo ser um presente do Renato Gaucho, mas por sua dança e óculos, desconfio que o stilo foi roubado do Ian Brown :D
Perdi a Fernanda cantando aqui no Recife no Recbeat, mas foi compensador ver o Pato Fu de sempre. Show impagável (Meu Deus, IMPAGÁVEL e eu paguei R$ 20,00).

Sobre o Abril Pro Rock
O Festival poderia ser muito maior, mas virou um encontro de “velhos amigos da panelinha”, e estou falando da parte da organização mesmo. Não vale a desculpa de que sempre existirá alguém reclamando. O problema é que o festival virou uma coisa política e desorganizada. A prova disso é o publico cada vez menor. Como todo regime democrático, a organização desse evento deveria mudar de mãos de tempos em tempos.

Se vc leu até aqui, deve tá muito desocupado!
Eu mesmo só tive tempo de postar essa bagaça agora :P

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