quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Brenda, Nate e Ferreira Gullar com café


Quando um ser vivo procura abrigo, muitas vezes ele adentra numa caverna para fugir da chuva, e pode ser devorado por inimigos na escuridão. Essa é a mecânica da vida.
Mas quando esse ser vivo é dotado de consciência, partimos para um mundo cheio de estradas.
Quando pessoas formam grupos e esses por sua vez discutem os sentidos e caminhos trilhados pelo homem e a sociedade, surgem os filósofos, serem desprovidos de regras; são verdadeiras maquinas de jogos de azar, apontando resultados aleatórios, e fazendo alguns acreditarem que sabem qual será o resultado.
Gosto dos termos Existencialismo e Humanismo, exatamente por isso.

Ao assistir o 11º capitulo da segunda temporada de A Sete Palmos (Six Feet Under) não consegui parar e fui impelido a ver o 12º e o 13º (Ultimo da temporada).

As cores pasteis e tons de cinza conseguem fazer o dia mais ensolarado de Los Angeles (onde se passa a historia) parecer a Sibéria. Não bastasse uma família que cuida de embalsamar, velar e enterrar (ou cremar) um ou mais defuntos a cada episódio, as personagens são para lá de complicadas.

A partir do 11º capitulo dessa temporada, a loucura da Brenda passa a ser insustentável. Acompanhada de sua amiga, uma prostituta, ela participa de um bacanal, e não... A garota de programa é muito sensata, rejeitando drogas e convites para entrar na "brincadeira".

Ela chega na casa dos seus pais ainda drogada para participar da sua festa de "chá-de-panela".
Se surpreende pelo carinho de sua sogra, que a abraça e agradece pelo que ela tem feito pelo filho (Nate), que era um "perdido".

Com um surto de consciência, ela rompe a amizade com a prostituta, alegando que ela lhe leva a se desvirtuar (What?). Se você ai meu amigo estudioso de psicologia tem o nome científico para esse tipo de atitude, me informe... É bom dar nome aos bois, no caso da Brenda, a vaca.

Mas quem e o ser humano que não se sensibiliza com uma jovem que teve seu cérebro completamente destroçado por seus país (psicólogos, hippies, swingers, drogados, burgueses alienados, etc)

Você pode dizer: Coitadinha! Bichinha! (Leva pra tu!)

Mas é exatamente nesses 3 últimos capítulos da S2 (Session 2) que é possível perceber como a Brenda manipula todos. Incluindo os próprios pais e irmão (também pirado).

Se o Nate tivesse apenas que aturar uma noiva que transa com metade da torcida do Santa Cruz, tudo bem, era só ele sentar em qualquer bar e vociferar poesias do sábio Reginaldo Rossi, mas não, o sujeito engravidou uma araponga-hippie-vegetariana, que é muito simpática com todos, menos com ele, e de santa não tem nada também (a sujeira dessa só aparece muitos capítulos a frente).


Não acaba por ai...
O Nate tem um coagulo no cérebro, e recebe tratamento de um médico que lembra um estagiário de oficina de ventiladores de teto. No episódio 12 ele também passa a acompanhar os últimos dias de um jovem cético e frio. Mas no seu ultimo momento Nate esta lá, para vê-lo chorar clamando pela "luz". Ele diz:
-Não tem luz, não tem luz nenhuma.

(Ué? o cara era tão frio e cético, se já sabia que não existe luz alguma...)

Outra sacada sutil é quando o pai da Brenda conversa com o Nate e abre seu coração falando de arrependimentos, erros do passado.

O mais curioso é o pré-julgamento de todos com relação ao Nate (Sim, ele ainda por cima tem que aguentar isso).

A terceira temporada é completamente louca... Uma hora revejo.

Coincidência ou não, hoje tive que declamar um poema de Ferreira Gullar:

Despedida

Eu deixarei o mundo com fúria
Não importa o que aparentemente aconteça,
se docemente me retiro.

De fato
nesse momento
estarão de mim se arrebentando
raízes tão profundas
quanto estes céus brasileiros.
Num alarido de gente e ventania
olhos que amei
rostos amigos tardes e verões vividos
estarão gritando a meus ouvidos
para que eu fique
para que eu fique

Não chorarei.
Não há soluço maior que despedir-se da vida.
























Depois que vi os 3 episódios seguidos, muita água e cloreto de sódio derramados, me deu uma vontade louca de comer pão francês com queijo e café, e claro, escrever isso aqui durante a madrugada. O pão estava uma delícia. E a vida... Ah, a vida...


E para você que já viu a série... Uma das cenas mais legais

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