sábado, 20 de fevereiro de 2010

Um olhar do paraíso

“Um olhar do paraíso” entrou na minha lista de filmes “Não tem preço”.
O enredo do filme é baseado no livro “Uma Vida Interrompida - Memórias de um Anjo Assassinado” de Alice Sebold. A direção ficou nas mãos do Peter Jackson, que para quem gosta de cinema e quer saber mais sobre esse sujeito que se tornou o diretor de cinema mais “produção em massa” sem perder a sensibilidade, deve ver o seu filme menos famoso: Fome Animal.
A trama é baseada no assassinato de uma garota de 14 anos, que depois de sua morte passa a vagar entre o céu e a terra. Ela é a narradora dos eventos, e vai contando sua dor em não poder mais estar perto de quem ama e ver seu assassino impune. Pronto! O filme é isso.
Mas o que tem a mais nessa história?
E o que eu posso contar aqui para quem ainda não viu o filme e não merece perder as surpresas?
Todos que já leram minhas interpretações de filmes que me marcam, sabem muito bem que não me foco no tema principal. Sempre tento (e isso não é perceptível para mim mesmo) encontrar algo sutil (ou não) que as pessoas deixam de lado.

Bem, o filme se desenrola nos anos 1970. Logo no inicio a jovem Susie Salmon (interpretada por Saoirse Ronan, que não é novata, mas vai fazer muito barulho com esse papel) já alerta que naquela época ninguém imaginava que uma jovem garota poderia ser atacada.
Peter Jackson conseguiu fazer uma sala lotada ficar sem comer pipoca, sem beber coca, sem cochichar com a pessoa do lado. A cena onde a garota é abordada por seu algoz parece interminável. Todos os líquidos, enzimas e porcarias relacionadas a raiva e ódio podem ser sentidas nesse momento. É aquele instante que defensores dos direitos humanos olham para cima e observam seus próprios pensamentos, e lá está escrito: Morra queimado seu maldito dos infernos!
As pessoas demoram um tempo para se recuperar e voltar ao estado de letargia normal dos dias de hoje. O filme se passa a quase 4 décadas atrás, mas o público vive em 2010, onde uma menina que perde a vida é só mais uma na estatística. Fico com a impressão que a dor e o chocar são coisas banais hoje em dia. E são, afinal, temos remédio para tudo.

Se você esquecer que o filme trata da morte, do empenho em punir o culpado, verá a beleza de coisas que perdemos com as mudanças acontecidas em tão pouco tempo.
Uma garota de 14 anos que ainda não deu seu primeiro beijo. Um pai que tem tempo para um hobbie. Uma família feliz.
Vamos além... A aproximação das pessoas, a educação cordial, a segurança em andar nas ruas, muitas pessoas juntas sem ser uma multidão. Parece que esquecemos que o globo terrestre não cresce, não vai produzir mais água limpa, não vai nos mostrar caminhos
para uma vida melhor, só à sociedade constrói e destrói o belo e o feio.
O filme vai além. Até o final a grande maioria clama por vingança. E não estou falando dos personagens, é o público que ainda não consegue comer sua pipoca com coca, eles querem sangue (eu quero sangue). Mas a doce voz da garota narra em certo momento: “Todos iremos morrer de qualquer forma”.
E é essa certeza, a da morte inevitável, que cria o diferencial entre as pessoas. No passado a sociedade se preocupava com o que iria deixar para o futuro. Não estou falando dos industriais ou os grandes desbravadores da globalização, esses inocentemente ou não, cumpriam seu papel. Falo do cidadão comum, das famílias... Dos avós que queriam deixar um patrimônio para seus filhos, que por sua vez cuidariam de tudo para os netos. Hoje a banalização e o consumismo em massa nos faz mais frios, e procuramos novas coisas que nos aqueçam. Infelizmente procuramos errado, e muitos deixaram de procurar ou acreditar. E se acham que eu sou o único a pensar assim, tem esse texto muito legal do C@T: “Lamento, você não vai gostar de ler isto”.


Criando um túnel do tempo, imagino hoje uma garota de 14 anos, que mesmo no fundo de sua alma, ainda carregando a inocência e os sonhos de uma idade bela, poderia ser minha filha, e adentrar em casa com uma camiseta que exibisse o contorno dos seios e piercings nos mamilos.
Ou ainda ser obrigado a ouvir (mesmo que sem querer) a conversa dela com suas amigas sobre aventuras amorosas, e não estou falando de sonhos e devaneios românticos de adolescentes inocentes.

Ver um filme que traz uma carga de emoção, comoção e o lúdico, ligando coisas como ódio e amor, me faz sempre pensar em nós, humanos. Seguidores de tendências e modas que muitas vezes acreditamos serem uma evolução natural. Mas é bom lembrar aos desavisados que no Japão o povo não tomava café, e por mais tentativas que a Nestlé fizesse, o produto não caia no gosto do povo. Até que um profissional (sim, existem profissionais experts em fazer você consumir o que não quer) teve a idéia de adicionar café em produtos infantis. Assim a geração que se formou foi gostando de algo que não era da sua cultura. Você não percebe, mas está sendo direcionado ao que um grupo de pessoas deseja, um nivelamento de opiniões que por vezes parecem divergentes, mas tudo é canalizado para um mundo plano, sem barreiras é verdade, mas onde todos são iguais, mudando apenas para que lado a franja é penteada ou a cor do esmalte. Vazios, secos, meramente consumidores.
Esse filme também me faz lembrar o quanto sou fascinado pelo ser feminino. As mulheres sempre foram a base de tudo. Sem o doce, o veneno e o perfume das namoradas, amantes, mães, o mundo não existiria. Durante muito tempo os homens foram (e ainda são) figurantes, seres que muitas vezes se fazem de superiores e dominadores, mas que sempre dependem de uma mulher. Ao mesmo tempo, (alienado que sou) não consigo acreditar em um mundo de tamanha liberdade que relação a dois deixe de fazer sentido, que amor entre casais é algo que pode ser mágico. Talvez no dia que não existirem mais baleias, araras, pingüins e outros tantos seres monogâmicos eu deixe de acreditar nisso.

A trilha sonora de “Um olhar do paraíso” é um show a parte.
Os poucos estrofes de algumas musicas me remeteram a minha famosa nostalgia. Seria a prova que o Peter Jackson é de uma geração que soube apreciar a boa música?

Para quem também é adepto de Soundtracks (Trilha Sonora), olha ai a provável lista da OST:
1. Reelin' in the Years - Steely Dan
2. Who Loves You? - The Four Seasons
3. Don't Ask Me Questions - Graham Parker
4. After hours - The Velvet Underground
5. Coming Back to Me - Jefferson Airplane
6. How Great Thou Art - traditonal
7. Cherish - David Cassidy
8. Cry - 10CC
8. Long Cool Woman in a Tall Black Dress - The Hollies
9. Let your love flow - Bellamy Brothers
10. Look at me - John Lennon
11. Baby's on Fire - Brian Eno
12. It's All Over Now Baby Blue - Graham Bonnet
13. Driving Me Backwards - Brian Eno
15. The Big Ship - Brian Eno
16. Celtic Swing - Van Morrison
A lista foi retirada daqui: The Playlist

Particularmente não escrevo aqui para formar opiniões, criar seguidores dos meus pensamentos.
A intenção é criar pelo menos um debate. E se você se sentiu ofendido(a) por qualquer critica, basta fechar o browser.
Ah! O Franklin acabou de me indicar uma radio que tem TUDO!
A prova que a JIWA (Free the music) tem mesmo TUDO, tá aqui:
God Is An Astronaut – From Dust to the Beyond

3 comentários:

MaletinhaNet disse...

-
NOOSSA..ESSE FILME DEVE SE FODASTICO *----*
voo te q assisti UAHAAAHA ;D
Vo segui aki tbm, ;DD

passa no meu blog junior?;DD
Obg
Bjaaoo ;*

Anônimo disse...

Vi o filme ontem e naum teve uma cena q naum me debulhei em lagrimas!!! fiquei pensando q poderia ser eu, minha filha, minha mãe, e a dor q isso iria me causar por toda e eternidade!!! Bom, ja estou indo atras do livro agora, e claro, baixar a trilha. Lindo filme, parabens a todos q o produziram e e altamente recomendado seu uso!!!

bjs

@vanessafurquim

Felix disse...

Nos 15 minutos finais toma uma música, onde ela está com outras crianças e esta música me lembrou aquela do Gladiador, me pareceu a mesma, numa outra voz? Alguém me ajuda?