quinta-feira, 11 de agosto de 2011

The Way Back

Falar de um filme pode ser fácil. Falar sobre a vida é mais complexo. Descrever caminhos, alegrias, tristezas e problemas é algo que pode travar o fluxo de oxigénio que seu corpo tanto precisa, mas falar de fé, amor, compaixão e compreensão é algo que pode lhe despir e torna-lo frágil e desprotegido. Não existe melhor sensação do que falar o que vem de dentro, mesmo que suas muralhas se enfraqueçam e que seu coração corra o risco de fraquejar e virar alvo fácil.


Quando vi o trailer (no cinema) de Caminho da Liberdade (The Way Back), fiquei sem folego.
Sou apaixonado por paissagens colossais e de horizontes infinitos. Lugares onde você se sente tão pequeno que o barrulho do vento parece conversar com o seu intimo, lhe perguntando se você consegue compreender o quão magnifico é a vida.

O filme tem o titulo no Brasil destonante e fora do contexto, onde a tradução ao pé da letra ficaria muito mais propício (O Caminho de Volta). A saga de fugitivos que atravessam 6.500 quilómetros das regiões mais inóspitas do planeta, crusando a Sibéria até chegar no Tibet, fugindo dos russos com seu regime comunista e proibidos de pisar na Polónia, dominada por Hitler.


O filme me lembrou dos conflitos atuais. Em 2005 na França. Desde 2010 na Grécia e a uma semana na Inglaterra. O que está acontecendo com esses países civilizados e outrora ricos?


O mundo vive um momento de relativa paz, com pequenas guerras nas já tradicionais zonas de conflitos, como o Oriente Médio e África, eles sempre estiveram em guerras.

Muitos irão dizer que essas regiões vivem em derramamento de sangue desde sempre graças as disputas religiosas e suas culturas machistas e violentas.

A verdade é que o ocidente imprimiu a força a cultura do unilateralismo, do cartão de credito e do ateísmo.

Assistindo ao filme, em determinado momento onde o grupo de expedicionários adentra um templo budista procurando proteção, vemos crânios e destruição. A personagem de Saoirse Ronan, Irena pergunta o que aconteceu ali. A resposta:
- O mesmo que aconteceu com nossas igrejas e templos.


Para quem não sabe, Hitler e Stalin saquearam e destruíram, além de proibir, qualquer manifestação religiosa em todo seu domínio (eixo do mal - Alemanha, Itália e Japão).

Estamos vivendo um momento onde a comunicação rápida e barata faz sons ecoarem sem filtros, e aqueles menos preparados terminam agindo como homens das cavernas, gritando e formando uma urbe cheia de ódio e rancor, e o mais curioso é que boa parte da motivação é nula. São jovens que se sentem inferiores por não morar em condomínios luxuosos ou não possuem a jaqueta da Adidas e uma corrente de prata no pescoço.
Já os mais felizardos, donos de carros conversíveis e mansões, se gabam de sua inteligência em fazer fortuna comprando e vendendo títulos de renda variável (ações). Eles esquecem que esse termo, “variável” faz parte da vida e do equilibriu da natureza.

Boa parte das pessoas hoje em dia tem uma visão negativa do futuro. Ou existem aqueles que estão unicamente preocupados com a manutenção do que já é seu, conquistado ou tomado.

Voltando ao filme...
Adoro diretores que sabem colocar-se isentos na historia. Peter Weir foi tão sutil em sua colocação sobre o espiritualismo e a destruição da força comunitária, que no momento que os personagens são acolhidos por tibetanos, temos a impressão que eles serão entregues as forças comunistas.


A pouco tempo atrás, assistindo a uma aula de história, sobre cultura, vi a professora afirmar veementemente a sua turma de alunos que religião não é cultura. Naquele momento vi uma educadora enterrar os últimos quatro ou cinco mil anos da humanidade.

O mais curioso é me ver partindo em defesa de crenças que eu mesmo tenho dúvidas. Porém, me vejo feliz em ter um mundo inteiro lutando por liberdade, brigando inclusive por coisas que para pessoas da minha geração não são fáceis de aceitar, como a liberdade sexual feminina, casamento homossexual e por ai vai...

Da mesma forma que o Nazismo prometia riquezas para os que o apoiassem, vejo hoje o populismo tomando conta do mundo. Hitler (tentava) destruir culturas com fogo, hoje a cultura é destruida por ridicularização ou proibição legal. Nos EUA em cidades interioranas um muçulmano não se sente “a vontade” em expor sua ideologia. Na França garotas são proibidas de usar lenços na cabeça.

Passei muito tempo falando que estava cansado de lutar contra os erros do mundo atual. E o mais curioso, é que realmente desisti de salvar o mundo, e isso foi a melhor coisa que poderia ter me acontecido.

Agora estou preocupado em universos menores, coisas bem menores e tentando ajudar a quem realmente precisa e quer.

Posso olhar para o sul e ver tudo que não quero ver, ou posso mirar ao norte, fechar um angulo até ficar muito estreito, e definir que esse é meu caminho.

Como no filme, eu sei muito bem o que é lutar pela vida, ver paisagens gigantescas, se sentir pequeno e respirar o ar que ao sair expurga as sobras, o que não nos serve.

Divida sua água, acredite nas pessoas e continue andando, a vida só termina quando você fechar os olhos para sempre, e preste atenção, você os fecha todos os dias, e nunca saberá qual é a ultima vez.
Ed Harris - Ele fala pouco, mas diz muito

Saoirse Ronan - Essa menina é um fenômeno


Colin Farrell - Sempre no papel de mal elemento


Esse filme realmente foi emocionante. Pena que ainda estou numa fase James Bond. Mas abri uma exceção e escutei dois discos inteiros do Trespassers William

Um comentário:

Rafa disse...

Que legal o seu post, esse filme parece ser muito bom. Vou até dar uma olhada na Programação HBO para tentar vê-lo.